8 de novembro de 2010

Reflexões éticas

            A reflexão ética em minha existência suspende o ego para analisar as situações em conjunto e fazer o julgamento de acordo com uma razão classicista.  Acredito na igualdade humana, e que desvaler o outro é negar a si mesmo. Não há como tratar outro indivíduo apenas como uma prótese social. Temos as mesmas capacidades intelectuais e os direitos humanos absorvem a humanidade. Cada homem é dono do seu próprio universo e suas possibilidades, mas há o dever de respeitar os limites físicos, mentais e intelectuais do outro. É uma atitude retrógrada desequilibrar essa harmonia. Aspiro às idéias do início da filosofia moderna, principalmente de Bento Espinoza.

"Não é por julgarmos uma coisa boa que nos esforçamos por ela, que a queremos, que a apetecemos, que a desejamos, mas, ao contrário, é por nos esforçarmos por ela, por querê-la, por apetecê-la, por desejá-la, que a julgamos boa". (Espinoza, Ética)

"Não rir nem chorar, mas compreender". (Espinoza, Tratado Político)
            
           Ter uma postura antropofágica é imprescindível, de deglutição do saber alheio e ruminação de conhecimento próprio. Assim se constrói a individualidade de uma linha de pensamento. Estou sempre proposto a dialética, o que torna o refino das informações e pontos de vista possível, ou mesmo a troca dos supostos. A cultura me apraz. Estudo filosofia e história da arte de maneira autodidata, gosto de literatura e tenho um vasto conhecimento musical. A Arte e a emoção estética nos democratizam e são justas a quem as absorve. Para entendermos e produzirmos o saber cosmopolita temos de estar atentos a história, assim se evolui em conjunto. Somos partes que fazem o todo, e ao mesmo tempo o todo está em nós.
Na publicidade é dada a transfiguração de um produto comercial em um objeto de desejo onírico massificado na sociedade. Não há nobreza ou humanidade alguma nesta prática, já que o acesso a tais desejos é dado por meio do capital que não é acessível a todos, nem enriquece o homem com algum saber. Esta área tão somente serve para construir símbolos culturais e inseri-los em outras culturas pela promoção da venda ou mostra de algo ou alguém. A ilusão proposta na sociedade quebra o senso da verdade e o senso do justo, que não permite acesso a todos. O consumo propõe a Arte como meretriz midiática de maneira bélica. A matéria não faz o homem, Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Seguirei carreira acadêmica assim que possível, humanista, revela o recato da absorção de conhecimento. Não pretendo fazer parte do espetáculo midiático. De teatralidade já nos basta a que vivemos em sociedade.
A postura de um academicismo formal é limítrofe e atrofiante, acho retrógrado ao conhecimento pessoal. Sócrates deglutia e ruminava conhecimento nas praças de Atenas, é uma postura menos verborrágica, inerte. Sou adepto desta idiossincrasia. Como estudante, acato respeito aos mestres e ao conhecimento estimulado por eles. Não vou propor nota a minha postura acadêmica, “Só sei que nada sei”, como já citou Sócrates. É inércia o não desvencilhar de uma lente cultural. Devemos estar abertos a todas as propostas, usando do juízo ético, aceitar ou recusar.


O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?

Um comentário:

  1. Como é bom saber que temos a capacidade de saber que não há o mal em si e nem o bem em si. Ou seja, sem personificações. Por isso, as figuras de deus e do diabo se desaparecem a partir dessa premissa.A ética é uma veia filosófica que ja levou as relações entre etnoventrismo e relativismo. Já dizia o escritor Russo: Se deus não existe, tudo me é permitido.

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